Em contraste com o que nós vimos nos primeiros
capítulos deste estudo, e para apoiar a aplicação do dízimo, muitos
dizem que dar o dízimo de fato não é parte da lei, porque ele era
aplicado – eles dizem – antes da lei, por Abraão e Jacó. Assim, com
esta visão, ele é um princípio que transcende o tempo e as
administrações da Bíblia e se aplica igualmente a antes, durante e
depois da lei Mosaica. Antes de nós irmos para as passagens que eles
usam, vejamos como Jesus Cristo viu e classificou o dízimo. Mateus
23:23 nos conta:
Mateus 23:23
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei: o juízo, a misericórdia e a fé;”
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei: o juízo, a misericórdia e a fé;”
O Senhor está falando aos fariseus. Este povo estava pagando seus dízimos, mas havia se esquecido do mais importante da lei. Eles eram hipócritas! A frase “o mais importante da lei” faz uma comparação entre as mais brandas “questões da lei” e as mais importantes “questões da lei”. O dízimo era uma questão mais branda da lei.
A justiça, a misericórdia e a fé eram questões mais importantes da lei
do que o dízimo. Isto não é uma comparação entre as questões gerais,
mas entre as “questões da lei” e o dízimo era classificado pelo Senhor como uma “questão da lei”. E como tal ele é.
E agora vamos nos direcionar para os registros usados para dar suporte de que Abraão e Jacó estavam na verdade dando o dízimo.
Abraão estava pagando o dízimo?
Agora vamos nos mover para os registros de Abraão e
Jacó, começando do primeiro. Nós encontramos a passagem relativa em
Hebreus 7. Paulo está explicando lá Jesus como nosso Sumo Sacerdote. O
último versículo de Hebreus 6 nos conta:
Hebreus 6:20
“Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.”
“Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.”
Então o capítulo 7 cuida de falar mais sobre Melquisedeque e como ele
era um protótipo de Cristo como Sumo Sacerdote. Neste contexto nós
lemos sobre Abraão:
Hebreus 7: 1-6
“Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou. A quem Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas."
“Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou. A quem Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas."
Algumas pessoas usam esta passagem para dizer que o dízimo é um
princípio que transcende tempos e administrações e assim é válido hoje
também. Isto é porque – eles dizem – Abraão era um contribuinte do
dízimo e isto foi antes da lei. Da mesma forma nós, sem a lei,
deveríamos ser contribuintes do dízimo também. Mas eu não penso que é
isto que a passagem nos está dizendo. O foco principal da passagem é em
Melquisedeque e como Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote segundo a ordem de
Melquisedeque. Para mostrar como a ordem de Melquisedeque é grande,
ela se refere a Gênesis onde Abraão, retornando da matança dos reis,
deu-lhe um décimo das pilhagens que ele tinha conseguido. Mas isto não
tinha nada a ver com o dízimo, conforme nós sabemos, e aqui está a
razão:
1. O que Abraão deu foi completamente voluntário. Ninguém disse a ele
que ele tinha que dar um décimo das pilhagens. Ele fez isso de forma
absolutamente voluntária. Em contraste, o dízimo é obrigatório, algo
que você tem que fazer, independente de se você realmente deseja ou não.
2. Além do mais, o dízimo é algo que você faz regularmente. Não somente
uma vez. Abraão fazia alguma coisa desta forma? Sua vida é bem
documentada na Bíblia com 14 capítulos de Gênesis dedicados quase que
completamente a ele. Embora esta seja a única vez em sua vida em que
nós o vimos dando um décimo. Em outras palavras, o que é descrito em
Hebreus e Gênesis foi um evento de uma vez e não algo que era regularmente repetido, semana após semana ou mês após mês.
3. O fato que o que Abraão fez foi algo extraordinário em vez de algo
regular é também óbvio pelo fato de que ele deu a Melquisedeque 10% das pilhagens que ele conseguira. Isto não era seu lucro normal ou pertences, mas eram pilhagens.
Algo inesperado, um ganho inesperado. Hoje, tais ganhos são por
exemplo: prêmios de loteria, ou uma herança inesperada. Sua doação
era igual conseguir uma herança inesperada e então dar 10%. Novamente
isto não é o que as pessoas queriam dizer por dízimo.
Para resumir, o que nós vemos Abraão dando foi uma doação voluntária de
uma vez, de 10% de um ganho inesperado que ele recebera.
Sua doação era:
i) voluntária, não obrigatória;
ii) uma coisa de uma vez, não algo feito regularmente;
iii) finalmente era fruto de um ganho inesperado que ele recebeu, não oriundo de seu rendimento regular;
Ele estava dando 10%? Sim, ele estava. Esta doação era um dízimo no
significado que é transmitido hoje (regular e obrigatoriamente doar 10%
de seu lucro)? Do que nós vimos, isto obviamente não era o caso.
Jacó estava pagando o dízimo?
Em relação a Jacó, a passagem que é usada para
sustentar que o dízimo é um princípio que é aplicável hoje está em
Gênesis 28. Somente para apresentar o cenário: Isaque enviou Jacó para
ir a Harã, o lugar onde Labão, o irmão de Rebeca, estava morando. Em seu
caminho para lá, ele parou em algum lugar para dormir e viu em um sonho
o Senhor prometendo-lhe estar com ele, dar-lhe a terra em que ele
estava dormindo, multiplicar-lhe abundantemente e abençoar todas as
pessoas na terra através dele e de seus descendentes (Gênesis 28:10-15).
Isto não foi um sonho comum! Imagine como você ficaria depois de alguma
coisa assim. Como uma reação a isto Jacó fez o seguinte:
Gênesis 28:20-22
“E Jacó fez um voto, dizendo: se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.”
“E Jacó fez um voto, dizendo: se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.”
A frase chave aqui é “fez um voto”. O que
está descrito aqui não é algo que Jacó tenha feito obrigatoriamente, nem
algo que ele estivesse fazendo regularmente. Em contraste, é um voto,
algo que foi feito voluntariamente com um “se” à frente da palavra
voto. “Se vós fizerdes isto, Senhor, eu faço um voto a vos dar um
décimo do que me deres". Novamente é óbvio que isto não tem nada a ver
com os dias modernos, e com o dízimo regular e obrigatório.
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