Uma das
súplicas que pedimos e ouvimos com mais frequência é: “Ah, meu Deus, dê-me
paciência!”. Incessantemente suplicamos ao Senhor essa virtude, porém nos falta
perspicácia suficiente para perceber que Deus concede a virtude aliada à
prática. Nosso
Senhor, em sua infinita sabedoria, nos proporciona ocasiões para que sejamos
pacientes. O hábito faz a perfeição! Quer ser paciente com seu esposo ou sua esposa,
com seu pai e mãe, irmãos e amigos? Então, aproveite as oportunidades que o
Senhor lhe concede e pratique a paciência. Quantas
vezes você se deparou com uma situação na qual era suficiente um pouquinho mais
de paciência para ser resolvida? Bastava respirar fundo e oxigenar o cérebro ao
invés de responder com tanta aspereza. Vejamos a recomendação que a Palavra de
Deus nos dá: “Um espírito paciente vale mais que um espírito orgulhoso. Não
cedas prontamente ao espírito de irritação; é no coração dos insensatos que
reside a irritação” (Eclesiastes 7,8b-9). Percebe como a pedagogia de Deus é
diferente da nossa? Na oração
de Santa Teresa D’Ávila há uma referência sobre a paciência que diz: “a
paciência tudo alcança”. Todavia, para alcançar esse “tudo” precisamos de muita
luta espiritual, muito silêncio. Se for preciso “engolir um sapo” de vez
enquanto, não há problema, o importante é atingir nossa meta principal: a
eternidade. Não à toa os santos costumavam dizer que uma das formas de martírio,
além da morte de espada, era o da paciência. Assim sendo, ser paciente é uma
via segura que nos conduz à santidade. Alcançamos a fortaleza nas
adversidades cultivando a paciência. Porém, o sofrimento somente é vencido pela
graça de Deus unido a nossa perseverança. “O erro
deveria ser uma ponte para o acerto, não um obstáculo capaz de criar um abismo
entre pessoas importantes em nossa vida”. Esta
virtude dos fortes, cada vez mais escassa em nossa convivência, exige, antes de
tudo, a confiança em Deus. A paciência é o alimento que sustenta o diálogo.
Quando o fio da comunicação familiar se fragiliza, nada melhor do que a prática
desta virtude. Quantas famílias se desestruturam, separam-se devido à falta de
diálogo, de uma boa conversa ao pé do ouvido com o cônjuge ou com os filhos!
Por vezes, trocamos a paciência pelo orgulho. Recordemos novamente: “Um
espírito paciente vale mais que um espírito orgulhoso” (Ecle 7,8b). Fixamos
uma ideia na cabeça e nada nos faz voltar atrás; não admitimos erros, sejam os
nossos ou de outros. Colocamos uma barreira que nos distancia dia após dia. O
erro deveria ser uma ponte para o acerto, não um obstáculo capaz de criar um
abismo entre pessoas importantes em nossa vida. Nosso erro maior não é falhar
por tentar, mas desistir sem ao menos ter tentando. Necessitamos, contudo,
de muita coragem para superar essas fragilidades provocadas pela fraqueza
humana, e os fortes de espírito encaram esse desafio da convivência familiar na
dificuldade, porém com confiança; ao contrário dos fracos, que lhes faltam o
equilíbrio e ousadia para, sem medo, arriscar vencer as barreiras. Outros
pensam que, por serem fracos, não conseguirão, pois suas forças são poucas.
Além de lhes faltar coragem, falta-lhes confiança na misericórdia de Deus que
tudo sonda. Nesta perspectiva, inúmeras famílias, em seu íntimo, carecem de
esperança: esperança em pagar as dívidas, esperança na união da família,
esperança no obstáculo das drogas e álcool, esperança contra a violência,
esperança na fidelidade conjugal e no futuro. O fundamento da esperança está
justamente na paciência como ouvimos dizer da Sagrada Escritura: “a paciência
prova a fidelidade, e esta comprovada produz esperança. E a esperança não
engana” (cf.Romanos 5,4-5). Irmãos, a esperança não engana, pelo contrário, ela
elucida a nossa paciência em todas as atribulações, pois, na provação,
resta-nos apenas esperar com paciência a graça vinda de Deus. A
paciência também nos salva, pois o Senhor utiliza dela conosco. São Pedro nos
afirma: “O Senhor não retarda o cumprimento de suas promessas, como alguns
pensam, mas usa dela convosco. Ele não quer que ninguém pereça; ao contrário,
quer que todos se arrependam” (cf. II Pedro 3,9). Ora, se
nosso Senhor usa de paciência conosco, isso é sinal de misericórdia. Não sejamos
diferentes para com aqueles que atravessam nosso caminho, mas sejamos sinais de
salvação para quem precisa. Seja paciente e tolerante com a vizinha que insiste
em fazer fofoca; seja paciente consigo na luta contra o pecado; tenha paciência
nas relações difíceis, porque, no tempo certo, a transformação virá e, então,
você colherá os frutos das sementes lançadas nos sulcos da paciência. Só lhe
falta a paciência quando lhe falta oração. (http://destrave.cancaonova.com)
Por Cons. Elder Pereira |
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