Sempre ouço uma vozinha dentro de mim todos os dias, não busque Deus em lugares errados, parece-me um alerta, não sei mas, tenho seguido sempre essa intuição se é que assim eu posso chamar. A questão é: quão sério eu sou
sobre encontrar o único verdadeiro Deus, se ele na
verdade existe? Estou esperando que Deus seja o que eu quero que ele seja?
Ou quero aceitar Deus como ele é, mesmo se isso
significar que ele exige minha obediência?. Se estivermos buscando Deus em
nossos próprios termos, então encontraremos o
tipo de Deus que queremos encontrar; e os homens carnais podem até louvarnos
como sendo homens profundamente espirituais. Mas se
realmente quisermos encontrar o verdadeiro
Deus, soltemos o nosso preconceito e com real
objetividade consideremos novamente a evidência para o ensinamento de Jesus. Uma coisa eu tenho notado em todos esses anos que tenho sido um cristão é que alguns conceitos parecem tomar vida própria. Isso é
especialmente verdade quando esses conceitos são ensinados de tal forma
que resulta em uma produção em massa de distorções de conceitos e
verdades distantes de seu significado original. Eu acredito que “ter
paz” é, dessa forma, um conceito que tem tomado vários significados que
não deveriam. A ideia de ter paz com Deus é correta e compreensivelmente tirada das seguintes passagens: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo” (Romanos 5.1). Porque somos reconciliados com Deus, já não estamos mais em guerra
com Deus (Romanos 8.7), não mais condenados (Romanos 8.1) e então
podemos descansar na certeza que pertencemos a Ele (1 João 3.1).
Claramente, pode haver grande conforto nisso. Há também a ideia da paz tirada dessa passagem: E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o
coração e a mente de vocês em Cristo Jesus. Finalmente, irmãos, tudo o
que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o
que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se
houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. (Filipenses 4.7-8). Essa passagem se refere ao fato que nós podemos ter paz com as coisas
que pedimos ao Senhor em oração porque há uma certeza de que Ele
cuidará disso. Temo que aqui é onde alguns devaneios começam a
acontecer. Isso ocorre quando a paz se torna algo divergente do que as
escrituras pretendiam, ao se tornar algo sempre necessário a se buscar
ou ser guiado por uma tranquilidade que nos livra de qualquer conflito
interno em relação a o que for que estamos enfrentando. Veja bem, não estou dizendo que não devemos ter calma em nossas
decisões internas. Mas eu temo que isso possa se tornar o fator primário
em determinar no que acreditamos, a decisão que tomamos ou estilo de
vida que levamos e possivelmente nos desviarmos. Em outras palavras, nos
baseando na ausência de um conflito interno nós podemos estar em perigo
de aceitar o que não deveríamos aceitar simplesmente porque há uma paz
nisso. É confiar em um sentimento subjetivo como um fator determinante. Eu tenho encontrado muita gente que tem se desviado da doutrina
cristã essencial, tomando decisões imprudentes ou abraçando estilos de
vida pecaminosos simplesmente porque tem uma ‘paz’ sobre o que eles têm
finalmente aceitado como verdade e uma equivocada noção da vontade de
Deus. Eles estavam se aborrecendo com algum ponto doutrinário, questões,
atitudes ou experiências da igreja, escolhas, hábitos pecaminosos ou
estilo de vida. Eles têm afirmado orar sobre isso e acreditam que,
porque têm uma paz sobre o que eles aceitaram, deve ser verdade e deve
ser a vontade de Deus. Confiando na natureza subjetiva dos sentimentos,
eles, enfim, abraçam o erro ou a apostasia. A realidade é que na vida cristã, crer no que devemos crer ou fazer o
que devemos fazer muitas vezes não vai gerar paz, mas conflito. Isso é
especialmente verdade quando nossas crenças, ou escolhas, ou estilo de
vida, são contrários ao que dizem as escrituras. O trabalho do Espírito
Santo é convencer os cristãos quando isso acontece e certamente o
resultado será um tumulto interno. Não podemos confiar no sentimento
subjetivo de calma interna mas na realidade objetiva de Cristo e de Sua
palavra. Os sentimentos subjetivos devem ser submetidos à realidade
objetiva. Sim, nós podemos enfim ter paz quando nossos pensamentos,
crenças e ações estão alinhados com a realidade objetiva do que é
verdadeiro e adequado de acordo com o que Deus é e com o que ele quer.
Mas não podemos ditar o que é certo por meio de sentimentos subjetivos. Na vida cristã, crer no que
devemos crer ou fazer o que devemos fazer muitas vezes não vai gerar
paz, mas conflito. Além disso, eu acredito que há uma tensão inerente em viver uma vida
cristã compromissada em meio à existência de um mundo caído. As crenças e
os compromissos cristãos vão “contra a corrente” das inclinações dessa
vida. A carne se opõe ao Espírito e um inimigo implacável está à
espreita. Jesus disse que ele não veio para trazer a paz, mas a espada.
Teremos que sobreviver a uma tensão entre quebrantamento e redenção onde
a esperança se junta aos gemidos da criação. Paz no meio disso não pode
ser calmos sentimentos de euforia mas a percepção de um alerta de Deus
dizendo quem ele é, está executando o seu plano e ordena nossa confiança
apesar da nossa inquietação. Por outro lado, estamos dizendo que Deus apenas pode estar certo
enquanto nos sentimos bem quanto a isso. Mas estamos apenas nos
enganando em acreditar que Deus deve ser submetido à nossa harmonia
interna. Se você nasceu do Espírito, você tem paz com Deus embora talvez
você possa não se sentir sempre bem nessa vida. Vamos parar de procurar
paz em todos os lugares errados para que não entremos em lugares
errados aonde, no final das contas, não haverá nenhuma paz.
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Elder Pereira |
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