Esta é outra questão muito importante quando se chega a
falar de doação. Por pessoal, aqui eu quero dizer as pessoas como os
pastores, os pastores assistentes, os pastores jovens, i.e., os
“profissionais”, quem de alguma forma supõe-se que execute o trabalho
ministerial principal da igreja local. Esta questão se torna ainda mais
interessante porque os salários de pessoal provavelmente compõem a
maior porção das despesas que uma igreja moderna tem. Antes que
sigamos adiante, temos que notar que a hierarquia da igreja que nós
vimos hoje nas igrejas contemporâneas não é algo que nós encontraremos
na Bíblia. De acordo com esta hierarquia, nós temos o pastor sênior que
é – implícita ou explicitamente – algo como o cabeça/chefe da igreja.
Abaixo dele você tem outros profissionais semelhantes que fazem o
trabalho do jovem pastor, pastor assistente, etc., e eles são
normalmente empregados de tempo integral da igreja, trabalhando mediante
as ordens do pastor sênior. O pastor sênior em si pode estar sob a
autoridade de um “bispo”, que é um tipo de responsável pelo clero em uma
região. Então você tem os anciãos. Estes são normalmente não
“profissionais”, i.e., eles são pessoas com trabalhos em tempo integral,
pessoas “normais” que participam da administração da igreja.
Finalmente, você tem todos os crentes, que, juntos com os mais velhos,
também são chamados de “leigos”. Embora nem todos os seguidores da
igreja sigam tais distinções explícitas, estas existem, ainda que
implícitas, na vasta maioria das igrejas. Indo ao Novo Testamento
agora, nós veremos que não havia tais estruturas lá. Lá você não vê
pastores, pastores assistentes, bispos e mais velhos como categorias
separadas de pessoas. No Novo Testamento, o que você vê na liderança da
igreja local são os mais velhos. Estes também são chamados de pastores
e bispos. No Novo Testamento, os anciãos, pastores, bispos, são todos
termos usados para o mesmo povo. A função destas pessoas é ser pastor,
arrebanhar para a igreja local, supervisionando a congregação (a palavra
grega para “bispo” significa supervisor) conforme eles sejam irmãos
mais velhos, i.e., mais velhos na fé, crentes maduros. Há muitas
escrituras que tornam isto claro e eu logo terei outro estudo
trabalhando exclusivamente com esta questão, mas aqui está uma passagem
que abrange tudo: Em Atos 20:17 Paulo, em seu caminho para Jerusalém,
passou por Éfeso, onde ele “clamou os anciãos da igreja”. Note que há
uma igreja, a igreja em Éfeso, e muitos anciãos. Note também que Paulo
chamou pelos anciãos. O texto não diz que ele chamou os anciãos, o
pastor sênior, os pastores assistentes e o bispo. Foram somente os
anciãos! A mesma coisa, sem nenhum título especial ligado a nenhum
deles. Não havia pessoal algum chamado de “pastor sênior”, ou “pastor
assistente”, etc. Eles eram todos anciãos. E eles eram muitos! Vejamos o
que agora ele lhes disse:
Atos 20:28
“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constitui bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.”
“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constitui bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.”
Neste versículo você tem tudo. As pessoas convidadas nesta reunião eram
os anciãos da igreja em Éfeso. Agora qual era o papel destes irmãos?
Seu papel era o de SUPERVISORES. A palavra traduzida “supervisores”
neste versículo é a palavra grega “episkopos”. É esta própria palavra
que em 1 Timóteo 3:2 é traduzida como “bispo”, dizendo: “Convém, pois,
que o bispo [episkopos] seja irrepreensível, marido de uma mulher,
vigilante, sóbrio,...”. Ela é novamente traduzida como tal em Tito 1:7
“porque convém que o bispo (episkopos) seja irrepreensível, como
despenseiro da casa de Deus”. Os anciãos da igreja em Éfeso – e por
isto, os anciãos de toda a igreja do Novo Testamento – eram “episkopoi”,
o que significa supervisores. Por outro lado: os "episkopoi”
mencionados na Bíblia são os anciãos da igreja local. Conforme Vine, em
seu dicionário, diz:
“o termo “ancião” indica a experiência espiritual madura e o
entendimento desses então descritos; o termo "bispo”, ou “supervisor”,
indica o caráter do trabalho empreendido” (Dicionário de Vine, pp.
130-131).
Bispos e anciãos são a mesma coisa na Bíblia. Pode ser que no mundo de
hoje estes sejam apresentados como duas classes diferentes de pessoas,
mas tal distinção não vem da Bíblia.
Mas Atos 20:28 nos dizem mais: note que os anciãos foram apontados para
apascentar a igreja de Deus ou para serem pastores como algumas
traduções usam. A palavra “pastor” que aparece nesta passagem [em
inglês] é a palavra grega: “poimaino”, que significa: “agir como um
pastor” (Dicionário de Vine, p. 427), em outras palavras, “arrebanhar”.
Um pastor é alguém que alimenta um rebanho. Não somente providencia o
alimento, mas também o guia, indo à sua frente. Além do mais, ele cuida
dos alquebrados. Nós podemos encontrar todas as funções de um pastor
dentro da Palavra de Deus, mas, como eu disse, eu não quereria ir mais
adiante neste estudo, uma vez que seu propósito é diferente. Haverá
outro estudo a seguir trabalhando com estas questões. O que no entanto
nós necessitamos manter em mente aqui é o seguinte: Em qualquer lugar a
Palavra de Deus faz as distinções que nós temos hoje na maioria das
igrejas. Ela nada sabe sobre pastores, bispos, pastores assistentes,
anciãos como categorias separadas de pessoas. Tudo de que ela fala é
dos anciãos que apascentam o rebanho de Deus, a igreja local, sendo
observadores dela. Estes anciãos não eram pessoal com graus teológicos.
Eles eram pessoas comuns da congregação. Eles eram crentes que haviam
amadurecido e estavam prontos para arrebanhar e supervisionar os
crentes mais novos com objetivo final de construírem-nos em Cristo. Não
há indicação alguma na Escritura de que estas pessoas tinham que deixar
seus trabalhos seculares normais. Não há também nenhuma indicação na
Escritura de anciãos conseguindo um salário mensal normal ou, de outra
forma, um salário regular da igreja local para o que eles estivessem
fazendo. De fato, não havia nenhuma igreja do Novo
Testamento em que os anciãos que arrebanhavam, supervisionavam a
congregação fossem empregados em tempo integral da igreja, conseguindo
um salário regular da igreja. Nós temos uma prova disto? Sim, temos. Somente leia a seguir.
Sobre os salários do pessoal da igreja: o exemplo de Paulo
Paulo e sua equipe eram trabalhadores apostólicos, indo de cidade em
cidade pregando o evangelho e implantando igrejas. Eles nunca
permaneceram em um lugar particular permanentemente. Eles estavam mais
ou menos sempre em movimento, pregando o evangelho. Por estas pessoas, e
nós também veremos mais tarde, o Senhor comandava:
1 Coríntios 9:14
“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.”
“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.”
Isto não é uma referência para os anciãos, residentes permanentes de uma
igreja local. Isso não é usado para eles em 1 Coríntios 9. A
referência aqui é para os apóstolos, os trabalhadores apostólicos que
estavam indo de cidade em cidade, pregando o evangelho e implantando
igrejas. Em outras palavras, eles eram o que nós chamamos hoje de
missionários. Estes trabalhadores apostólicos eram intitulados para
viver totalmente o evangelho. Paulo era um deles, Barnabé era outro.
Conforme diz Paulo nos versículos 3-6 do mesmo capítulo:
“Esta é a minha defesa para com os que me condenam. Não temos nós
direito de comer e beber? Não temos nós direito de levar conosco uma
esposa crente, como também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e
Cefas? Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?
Para reelaborar a última questão de forma que ela se encaixe nas
primeiras perguntas que foram elaboradas: “Barnabé e eu não temos o
direito de parar de trabalhar?” A questão implica que os apóstolos não
tinham em geral uma segunda ocupação. Mas Paulo e Barnabé tinham.
Paulo e Barnabé, com “o cuidado de todas as igrejas" (2 Coríntios 11:28)
sobre Paulo, ainda estavam trabalhando. O Senhor havia dado a eles o
direito especial de não ter uma ocupação secular, mas de viver do
evangelho. Mas eles não usavam deste direito. Aqui está o que Paulo
diz:
1 Coríntios 9:14-18
“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. Mas eu de nenhuma destas coisas usei, e não escrevi isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória. Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada. Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no evangelho.”
“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho. Mas eu de nenhuma destas coisas usei, e não escrevi isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer vã esta minha glória. Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho! E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má vontade, apenas uma dispensação me é confiada. Logo, que prêmio tenho? Que, evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar do meu poder no evangelho.”
Paulo tinha o direito de viver do evangelho. Apesar disso, ele não fez
uso deste direito, embora, como veremos, ele, de fato, ocasionalmente,
recebia dos crentes contribuições voluntárias não solicitadas. Ao mesmo
tempo ele estava trabalhando. Conforme em Atos 18: 1-3 nos diz:
“E depois disto partiu Paulo de Atenas, e chegou a Corinto. E, achando
um certo judeu por nome Áquila, natural do Porto, que havia pouco tinha
vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que
todos os judeus saíssem de Roma), ajuntou-se com eles, e, como era do mesmo ofício, ficou com eles, E TRABALHAVA; pois tinham por ofício fazer tendas.”
O evangelho não tinha e não devia ter um preço relacionado a ele. Ele
deve ser livre de custos, e Paulo certificava-se de que ele o era. Mas
também há outra razão porque ele fez isso. E a mesma está mostrada em 2
Tessalonicenses 3:6-10:
“Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que
vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a
tradição que de nós recebeu. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós, nem
de graça comemos o pão de homem algum, trabalhando noite e dia, para
não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos
autoridade, MAS PARA VOS DAR EM NÓS MESMOS EXEMPLO, PARA NOS IMITARDES. Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.”
Paulo e sua equipe tinham autoridade para “comer o pão de outros
gratuitamente”. Eles tinham autoridade para isto como trabalhadores
apostólicos, não como anciãos de uma igreja local. Mas eles nunca
fizeram isso. Em vez disso, eles trabalhavam, dia e noite, conforme ele
diz. Por quê? De forma que eles fizeram de si próprios um EXEMPLO
para os irmãos seguirem. “Exemplo” é a palavra-chave aqui. E qual é
o exemplo: que eles deveriam trabalhar, e se alguém não trabalhar,
também não comerá.” Agora o que isto significa para as igrejas que Paulo
fundou, as igrejas do Novo Testamento? Se Paulo e
seus co-trabalhadores estivessem trabalhando juntos onde quer que eles
fossem, e eles estavam fazendo isto para ser um modelo, um exemplo para
os outros crentes, você pensa que havia algum ancião neste igreja que
não estivesse trabalhando, mas tivesse seu salário da igreja? Eu penso
que não. Em acréscimo, embora os trabalhadores apostólicos –
implantadores de igreja – tenham o direito de escapar fazendo sua vida
através de uma ocupação secular, os anciãos não têm esta autoridade.
Mas as referências da Palavra de Deus para o exemplo de Paulo não param aqui. 1 Tessalonicenses 2:9 nos dizem:
“Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e
fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum
de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.”
Eles estavam trabalhando dia e noite de forma que eles não fossem um
peso para nenhum dos crentes. O ministério não era uma ocupação para
eles; algo de onde tirassem o sustento de suas vidas. Fazer o desejo de
Deus era a vida deles, mas eles não ganhariam suas vidas financeiras a
partir disto. Para conseguir seu sustento eles trabalhariam, como
qualquer outra pessoa, dando um EXEMPLO para todos mais.
Atos 20:33-35 é outra passagem característica. Ela é parte do mesmo
discurso em que nós vimos Paulo dando aos anciãos (pastores,
supervisores) da igreja em Éfeso. Veja o que ele lhes diz:
“De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Sim,
vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que
estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.”
Novamente Paulo se apresenta como um exemplo para eles. Vocês sabem,
ele conta-lhes, que em minhas necessidades minhas mãos proveem. Esta é
uma referência clara ao fato de que quando ele estava em Éfeso, ele
estava trabalhando para sustentar a si próprio e aos outros. Mas há
mais para isso. Veja o que ele diz: Tenho-vos mostrado em tudo que, TRABALHANDO ASSIM, É NECESSÁRIO AUXILIAR OS ENFERMOS,
Paulo está falando aos anciãos (pastores, supervisores) da igreja em
Éfeso. Ele fala para a liderança da igreja local. E o que ele está
lhes dizendo? Ele está dizendo a eles “olhe como eu caminhei entre
vocês. Eu trabalhei duro para dar suporte às minhas necessidades.
FAÇAM O MESMO". De forma que “trabalhando assim é necessário auxiliar os
enfermos. E recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: mais
bem-aventurada coisa é dar do que receber.” A liderança da igreja local
estava para seguir o exemplo de Paulo, trabalhando duro para dar suporte
às suas necessidades. Eles não seriam os recebedores dos salários
oriundos da congregação. Paulo, o exemplo, não era um recebedor de tal
salário! Como eles podiam? Eles seriam provavelmente a ajuda e o apoio
para os fracos. Eles seriam, preferencialmente, os doadores, ao invés
de tomadores.
Comentando sobre Paulo e seu exemplo aqui é o que alguns comentaristas bem conhecidos dizem3:
F.F. Bruce – (O Novo comentário internacional sobre o Novo Testamento. Atos [Grand Rapids: Wm.B. Eerdmans, 1986] p.418)
“Retornando uma vez mais ao exemplo que ele havia lhes estabelecido, ele
os lembra de que finalmente aqueles que se preocupam com as pessoas de
Deus devem fazer sem pensar na recompensa material. Conforme Samuel
chamou toda a Israel para testemunhar quando ele estava para estabelecer
seu escritório como juiz (1 Samuel 12:3), então Paulo chamou os efésios
anciãos para testemunhar que todo o tempo que ele gastou com eles não
cobiçou nada que não fosse seu; ao contrário, ele nem se avaliou sobre
seu direito de ser mantido por esses cujo auxílio espiritual ele
prestava, mas ganhava seu meio de vida – e o de seus colegas-- por seus
próprios esforços: “estas mãos”, ele disse (inevitavelmente com a
gesticulação atendente) “administraram minhas necessidades, e para elas
que estavam comigo" (v. 34). Deixe aqueles a quem ele estava falando
desta forma trabalhar e então dar suporte não somente a eles próprios,
mas aos outros também – o mal em particular."
Simon Kistemaker (professor de Seminário do Novo Testamento na
Reforma Teológica) - (Comentário do Novo Testamento: Atos [Grand Rapids:
Baker Book House, 1990] pp. 737,740)
“Em suas cartas ele [Paulo] desvela que trabalhou noite e dia com suas
próprias mãos para suportar a si próprio, de forma que ninguém seria
capaz de acusá-lo de depender dos ouvintes do Evangelho por suas
necessidades materiais (compare a 1 Samuel 12:3). Ele se recusou a ser
um encargo nas igrejas que ele estabeleceu. Por executar o trabalho
manual, ele proporcionou suas necessidades financeiras. Paulo recebeu
presentes dos crentes em Filipo, conforme ele mesmo revela (Filipenses
2:25; 4:16-18), ainda que ele declare que ele não solicitara esses
presentes... Os anciãos efésios haviam observado o ministério de Paulo e
seu trabalho físico durante uma estadia de três anos. Eles foram
capazes de testemunhar que ele nunca havia explorado ninguém (2
Coríntios 7:2), mas tinha sempre estabelecido um exemplo de diligência e
auto-suficiência, no bom sentido da palavra. Ele era um modelo para os
crentes e ensinou a regra: “Se alguém não quiser trabalhar, não coma
também” (2 Tessalonicenses 3:10)... parece que Paulo gerou recurso
suficiente para suportar não somente a si próprio, mas também as
companhias dele... Em toda a situação, diz Paulo aos anciãos de Éfeso,
eu vos ensinei a trabalhar duro e com seus recursos a ajudar os
fracos... Ele os exorta a seguir seu exemplo e trabalhar duro."
Roland Allen, autor do trabalho clássico, Métodos missionários: de
São Paulo ou nosso? (Grand Rapids: Wm.B. Eerdmans, 1962)
“quando eu escrevi este livro eu não havia observado que ao se endereçar
aos anciãos de Éfeso, São Paulo definitivamente os direciona a seguir o
seu exemplo e a sustentarem a si mesmos (Atos 20:34-35). O direito de
dar suporte é sempre citado para evangelistas e profetas perambulantes,
não para cleros locais estabelecidos( veja Mateus 10:10; Lucas 10:7; 1
Coríntios 9:1-14) com as exceções duvidosas Gálatas 6:6 e 1 Timóteo
5:17-18, e ainda mais se essas passagens se referirem a presentes em
dinheiro, eles certamente não contemplavam salários fixos que eram uma
abominação aos olhos dos primeiros cristãos (p.50)."
Carl B. Hoch, Jr., professor de Novo Testamento em Seminário
Batista Grande Rapids (All Things New [Grand Rapids: Baker Book House,
1995] p.240).
“Nos dias do Novo Testamento, os líderes normalmente não eram pagos.
Isso é, o dinheiro era dado mais como um presente do que como um lucro
ou um salário. Líderes como Paulo podiam receber dinheiro, mas Paulo
escolheu não receber de ninguém dos coríntios (1 Coríntios 9:8-12). Ele
queria servir sem depender de nenhuma igreja para suporte financeiro. As
igrejas tinham uma responsabilidade de “recompensar o boi” (1 Timóteo
5:17) e compartilhar com aqueles que ensinavam (Gálatas 6:6). Mas o
dinheiro nunca era para ser a força diretriz do ministério (1 Pedro
5:2). Infelizmente, as igrejas hoje não chamam um homem até que elas
sintam que possam apoiá-lo, e alguns homens não considerarão seriamente
uma vocação se o pacote financeiro for “inadequado” (All Things New
[Grand Rapids: Baker Book House, 1995] p.240).”
Watchaman Nee – A vida na igreja cristã normal (Anaheim, CA: Living Stream Ministry, 1980)
“Não é necessário que os anciãos desistam de suas profissões usuais e
dediquem-se exclusivamente a suas responsabilidades em conexão com a
igreja. Eles são simplesmente homens locais, seguindo suas buscas
comuns ao mesmo tempo em que mantendo responsabilidades especiais na
igreja. Os relacionamentos locais devem aumentar, eles devem dedicar-se
inteiramente ao trabalho espiritual, mas a característica de um ancião
não é que ele é um “trabalhador cristão de tempo integral.” É
simplesmente que, como um irmão local, ele assume a responsabilidade na
igreja local (pp. 62-63).”
Para mim é acima de qualquer sombra de dúvida que não há nenhuma igreja
do Novo Testamento com pessoal assalariado. Que contraste com hoje!
Hoje eu ainda estou para encontrar uma igreja sem pagamento pessoal. Os
salários aumentam a colossais 50 a 60% do orçamento da igreja com uma
adição indireta em torno de 20 a 30% para despesas de construção. Outro
item que a igreja do Novo Testamento não tem. Triste dizer, embora
verdade, quase 80-90% de um orçamento da igreja moderna é para itens
que os cristãos do primeiro século não conheciam. Isto é
definitivamente triste.
Dando suporte aos anciãos: o que a Bíblia diz?
Agora, tendo dito o acima, a Bíblia não fornece nada sobre aqueles que
gastam seu tempo ensinando e arrebanhando os outros? A resposta é sim,
ela fornece! Embora não haja nenhum empregado assalariado nas igrejas
locais, há, contudo, uma clara indicação nas escrituras de que os
anciãos, os pastores da congregação local, deveriam ser receptáculos de
honra pelas pessoas. Conforme 1 Timóteo 5:17 nos diz:
“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada
honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina;
porque diz a Escritura: “não atarás a boca ao boi quando trilhar”, e:
digno é o obreiro do seu salário.”
Note novamente que a passagem não fala sobre um ancião ou um
arrebanhador ou pastor. Ela fala sobre anciãos, muitos deles. O peso
do arrebanhamento da igreja local nunca foi marcado para ser o trabalho
de um indivíduo, mas somente de muitos irmãos maduros diferentes. Esta é
a liderança coletiva do Novo Testamento sob a conduta do Senhor Jesus
Cristo vs. a liderança de um homem que é na maioria dos casos o modelo
de hoje e essencialmente através de muitos séculos passados. Retornando
ao versículo 17, a referência à honra significa respeito, valorização,
honra aos anciãos, especialmente àqueles que trabalham na Palavra e
doutrina. Isto poderia também incluir oferendas voluntárias livres para
eles.
Que a honra dupla inclui – embora não somente – suporte via presentes
voluntários é também óbvio da referência ao boi na passagem acima, assim
como da passagem seguinte de Gálatas 6:6, onde nós lemos:
“E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui.”
Aqueles que são ensinados devem partilhar as coisas boas com aquele que
as está ensinando, e uma das funções de um irmão maduro é ensinar (1
Timóteo 3:2). Novamente, não é um salário, mas é um compartilhamento, um
suporte voluntário. Vendo pelo lado dos anciãos isto não é um trabalho
para sustento. Eles fazem isto não por dinheiro ou devido ao dinheiro.
Eles devem fazer isso de qualquer forma, sem qualquer dinheiro.
Conforme Pedro diz falando aos anciãos:
I Pedro 5:1-2
“Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles... Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;
“Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles... Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;
Novamente note que os anciãos, pastores e supervisores (ou “bispos”) são
todos termos usados alternadamente. Como nós vemos, os anciãos
deveriam ser pastores do rebanho de Deus, supervisionando-o. Note também
que apascentar a igreja local não é um “trabalho”. Não é algo que você
faz quando você consegue um salário e algo que você não faz sem um.
Apascentar a igreja local é um presente, um ministério e tem que ser
visto como tal. Agora, é difícil ser visto desta forma quando a tarefa
de pastorear está pousando nos ombros de somente um irmão, de quem as
pessoas chamam como “pastor”. Mas nunca se supôs que fosse dessa forma.
Este peso deveria descansar na sombra de muitos irmãos, os maduros em
Cristo. Eles deveriam compartilham isso. E, para voltar ao nosso
assunto, eles deveriam ser receptadores da honra da congregação,
incluindo então os presentes voluntários. Estes, contudo, eram
presentes, eles eram dados voluntariamente e não eram solicitados Os
anciãos não deveriam basear suas vidas neles. Eles tinham que conseguir
sustentar-se como todas as outras pessoas. Eles não tinham salários
oriundos da igreja. Eles não tinham que seguir o exemplo de seus pai na
fé, Paulo, que, com muitas responsabilidades sobre si, estava indo ao
mercado para trabalhar o seu comércio e os outros com ele. Este é
tanto contraste para hoje onde o Ministério é frequentemente considerado
como sendo uma ocupação que alguém não faria sem ser pago por isso.
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